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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O que acontece ao espírito quando você doa seus órgãos?

O que acontece ao espírito quando você doa seus órgãos?


Muita gente se recusa a doar órgãos do seu corpo físico, dos quais não necessitará mais depois da morte, temendo que seu espírito venha a sofrer com sua retirada para transplante em pessoas que precisam deles para recuperar a saúde ou continuar vivendo. A prática do bem, em qualquer dimensão, infalivelmente nos beneficia e nos faz felizes. É lucro certo. Prejuízo, jamais.

“O doador não tem, em absoluto, sofrimento algum” – assegurou Francisco Cândido Xavier, um homem que, na Terra, mantinha permanente contato com o mundo espiritual. Quando os transplantes estavam ainda no seu princípio, ele já esclarecia sobre essas coisas, como aconteceu em 5 de agosto de 1968, ao conceder, em Uberaba, a Saulo Gomes, da TV Tupi, canal 4 de São Paulo, entrevista gravada, depois reproduzida em estações de televisão de todo o País, cuja íntegra podemos encontrar no livro Entrevistas – Francisco Cândido Xavier/Emmanuel, editado em 1972 pelo Instituto de Difusão Espírita, de Araras, São Paulo. O grande problema dos transplantes, sobretudo o de coração, era a rejeição. Pois naquela época, há 40 anos portanto, Chico antecipava que a ciência médica contornaria o problema com recursos imunológicos mais perfeitos e, no futuro, até produziria órgãos de plásticos. Deixou claro não ser o transplante de órgãos contrário às leis naturais e o incentivou como nova concessão de Deus aos homens.

No seu livro Quem tem medo da morte? – Gráfica São João Ltda, 1990, Bauru, São Paulo –, Richard Simonetti, um estudioso das coisas do espírito, possuidor de uma linguagem muito simples e interessante, há 18 anos esclarecia sobre transplantes:

“O avanço da Medicina em técnicas cirúrgicas e a descoberta de drogas que eliminam ou reduzem substancialmente os problemas da rejeição, descerram horizontes muito amplos para o transplante de órgãos. Constituem rotina, atualmente, nos grandes centros médicos, os de córnea, ossos, pele, cartilagens e vasos. Multiplicam-se os de coração, rim e fígado, considerados impossíveis há algumas décadas. Assim como os bancos de sangue, surgem os que se especializam em olhos, ossos e peles.”

Simonetti considera que o ato cirúrgico – retirada do órgão do cadáver – não implica em dor para o espírito que deixa o corpo físico. A agonia impõe uma espécie de anestesia geral ao moribundo, com reflexos no espírito, que tende a dormir nos momentos cruciais da grande transição, assim como se dorme anestesiado quando se é submetido a uma cirurgia de maior porte neste mundo. O corpo em colapso geralmente não transmite sensações de dor à alma que o deixou completamente ou que a ele permanece ligado ainda por liames cada vez mais débeis.

Não há, também, reflexos traumatizantes ou inibidores no corpo espiritual ou perispírito – o intermediário imortal, de matéria sutil, entre o espírito e o corpo físico –, em contrapartida à mutilação do corpo físico. Assim, o doador de olhos, por exemplo, não retornará cego ao Além. Se isto acontecesse, o que seria daqueles que têm o corpo físico carbonizado num incêndio ou desintegrado numa explosão? A sensibilidade do perispírito está intimamente relacionada à vida virtuosa ou viciosa que levamos e não ao tipo de morte que sofremos ou à destinação de nossos despojos carnais. Nesse aspecto, é essencial frisar que realmente a violência e a dor afetam o perispírito, mergulhando-nos em infernos de angústia e padecimentos horríveis nos casos de suicídio.

Outra ponderação do estudioso e escritor diz respeito à necessidade do doador ser ainda relativamente jovem e sadio. Nos transplantes, são utilizados órgãos de pessoas que sofreram acidentes, inclusive vasculares. Não há possibilidade de aproveitamento daqueles que falecem por velhice ou vitimados por moléstias de longo curso. Simonetti antevê, no futuro, a Medicina desenvolvendo técnicas que permitam a retirada de órgãos vitais para doação após consumada a morte, sem medidas drásticas capazes de complicar o processo desencarnatório.

Estritamente dentro da ética cristã, a Doutrina Espírita precisa, para sua própria sobrevivência, de estar sempre ao lado da Ciência, acompanhando-a na evolução. O ensino evangélico sobressai-se em todos os seus conceitos. Allan Kardec, que a codificou, afirma ser preferível repudiar nove verdades, a aceitar uma única mentira. É dele esta previsão categórica: “O Espiritismo caminhará ao lado da Ciência ou desaparecerá.”

O Espiritismo é Ciência e Filosofia confirmando os princípios básicos de todas as religiões, sem pretender demolir qualquer delas, antes reconhecendo a necessidade da existência de todas para grande parte da humanidade, cuja evolução se processa lenta e inexoravelmente. Ciência experimental e de observação, utiliza-se de metodologia especial para penetrar o mecanismo dos fenômenos mediúnicos e da reencarnação, naturais e universais, equacionando assim um sem-número de questões que aturdem e envolvem incontáveis criaturas.

Seus adeptos têm certeza de que chegará o tempo quando ao transplante se somará a clonagem, para produção de órgãos artificiais que substituirão os deficientes, num processo de aprimoramento que trará incontáveis benefícios à humanidade, permitindo ao homem viver cada vez mais e melhor neste planeta, onde o espírito se depura e aprende, habilitando-se a vôos para mundos superiores, verdadeiros paraísos. Aliás, foi o próprio Cristo quem antecipou: “Na casa de meu Pai, há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vô-lo diria. Vou na frente, preparar-vos o lugar.”

Lá, ninguém precisará de transplantes.
Sex, 14 de Novembro de 2008 Jávier Godinho (Jornal Diário da Manhã)

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